Banco central da Turquia mantém taxa básica de juros estável

Banco central da Turquia mantém taxa básica de juros estável, O banco central da Turquia manteve hoje a sua taxa básica de juros estável, mas alertou que poderia aumentá-la novamente, já que a inflação crescente do país continua sendo uma dor de cabeça para o governo do presidente Recep Tayyip Erdogan.

O comité de política monetária do banco central decidiu manter a taxa diretora em 50%.

Mas deixou a porta aberta para aumentá-lo novamente no futuro, depois de o crescimento dos preços no consumidor ter acelerado para 68,5% em Março.

“A orientação da política monetária será mais rigorosa caso seja prevista uma deterioração significativa e persistente da inflação”, afirmou o banco central.

Apenas 10 dias antes das eleições locais de 31 de Março, o banco central aumentou a sua taxa de 45% para 50%.

Erdogan há muito que atribui a inflação às elevadas taxas de juro, embora seja política convencional dos bancos centrais de todo o mundo aumentar os custos dos empréstimos para reduzir a inflação.

Mas depois de garantir a vitória nas eleições presidenciais de Maio do ano passado, regressou à ortodoxia económica e depositou total confiança na sua equipa económica liderada pelo Ministro das Finanças, Mehmet Simsek.

Erdogan permitiu que o banco central da Turquia aumentasse a sua principal taxa de juro de apenas 8,5% antes da sua reeleição em Maio passado para 50%.

Mas a autoridade monetária enumera outros factores que ainda alimentam a inflação, incluindo a fraca lira, um enorme salto no salário mínimo em Janeiro e o aumento dos custos de alimentos e combustível.

Liam Peach, economista sénior para mercados emergentes da Capital Economics, com sede em Londres, sugeriu que os cortes nas taxas pareciam estar um pouco distantes, uma vez que a economia continuava a aquecer.

“Embora acreditemos que o ciclo de aperto provavelmente chegou ao fim, com a economia crescendo fortemente e as pressões inflacionárias permanecendo quentes, ainda não esperamos que as taxas sejam cortadas até o próximo ano”, disse o analista em nota.

Bartosz Sawicki, analista de mercado da plataforma de serviços financeiros Conotoxia, disse que quaisquer cortes dependerão da rapidez com que as pressões sobre os preços diminuirão.

As projeções oficiais do banco central, que pressupõem que a inflação desacelere para 36% até o final do ano, “parecem excessivamente otimistas e desatualizadas”, disse Sawicki.

O consenso do mercado prevê que a taxa de inflação anual diminua para cerca de 45% no último trimestre de 2024, acrescentou.

Simsek negou neste mês as alegações de uma crise entre ele e Erdogan sobre as políticas econômicas depois que o partido do presidente foi derrotado nas eleições municipais de março, uma derrota que alguns analistas atribuíram ao aumento do custo de vida do país.

Ele rotulou as acusações como “notícias falsas”.

“Estamos determinados a reduzir a inflação e o défice da balança corrente, estabelecer disciplina orçamental e resolver problemas estruturais”, disse ele nas redes sociais.

“Fortaleceremos ainda mais o nosso programa totalmente apoiado pelo nosso presidente desde o início”, acrescentou.