Crítica de Aquaman e o Reino Perdido: a triste sequência de Jason Momoa traz uma onda desanimadora de travessuras subaquáticas, Em um mundo onde os filmes de super-heróis estão se tornando cada vez mais comuns, Aquaman e o Reino Perdido é como um peixe fora d’água – previsível, molhado e desesperadamente ofegante por relevância.
Dirigido por James Wan, o espetáculo de US$ 205 milhões pretende ser a última chamada do DCEU antes de passar por uma reforma muito necessária por James Gunn e Peter Safran. Enquanto o DCEU se prepara para uma reinicialização, esta escapada subaquática serve como um lembrete de que nem mesmo a Atlântida consegue escapar da ressaca da fadiga criativa.
Jason Momoa repete seu papel como o oceânico Adonis, Arthur Curry, que se encontra em uma batalha contra um antigo poder que ameaça causar estragos na Atlântida. As apostas são altas e o orçamento é ainda maior, mas a sequência do filme de 2018, ao contrário de seu antecessor, luta para se manter à tona no mar da mediocridade dos super-heróis.
O carisma de Momoa pode ser tão poderoso quanto um maremoto, mas nem mesmo seus consideráveis bíceps podem levantar este navio que está afundando. Os membros do elenco que retornaram, Amber Heard (Mera), Nicole Kidman (Atlanna) e Yahya Abdul-Mateen II (Black Manta) fazem o possível para salvar os destroços, mas seus esforços são semelhantes aos de reorganizar as cadeiras do convés do Titanic.
Dolph Lundgren reprisa seu papel como Rei Nereus, e Randall Park (Dr. Shin) troca seu chapéu de comédia por um mais sério, mas mesmo seus talentos não podem impedir que o filme pareça uma sequência encharcada, agarrada desesperadamente à glória do passado.
A trama, como um nado peito tímido, avança sem muita delicadeza. Arthur enfrenta seu arquiinimigo, Arraia Negra, que está armado com o formidável Tridente Negro e guarda um rancor mais antigo do que o poder que busca. Para apimentar as coisas, Arthur forma uma aliança com seu meio-irmão Orm, interpretado por Patrick Wilson, em uma reviravolta que é tão surpreendente quanto a capacidade de Aquaman de se comunicar com peixes. O filme tenta explorar temas de fraternidade, traição e redenção, mas a execução é desajeitada.
As extravagâncias subaquáticas e as criaturas míticas do filme lembram uma viagem de ácido visualmente deslumbrante. James Wan, conhecido por seu domínio da fantasia e do terror, cria um espetáculo, mas sua grandiosidade muitas vezes parece uma tentativa barata de desviar a atenção de seu enredo sem brilho. É como se Wan pegasse uma página do manual de Michael Bay, trocando substância por explosões e sutileza por maremotos CGI.
Aquaman e o Reino Perdido percorre seus pontos da trama com a sutileza de um torpedo, deixando um rastro de previsibilidade em seu caminho. O filme se apoia fortemente em tropos familiares, como se invadisse a seção de liberação do manual de narrativa de super-heróis. Cenas cruciais para o desenvolvimento do personagem e a progressão do enredo seguem um caminho já trilhado, roubando-nos a emoção que vem com o inesperado.
Mas, o filme que muitos fãs do DCEU ficarão tentados a dizer que foi azarado desde o início, por ser o último filme do DCEU antes da tão esperada reinicialização, até o infame caso legal de Amber Heard contra o ex-marido Johnny Depp, de alguma forma ainda consegue ser o melhor filme de super-herói de ação ao vivo de 2023.