Crítica de B: The Beginning, B: The Beginning é uma série que se apresenta com a promessa de misturar elementos de mistério, suspense e ação em um cenário futurista e distópico, mas, ao longo de seus episódios, revela-se uma experiência ambígua. A obra, produzida pelo estúdio Production I.G e dirigida por Kazuto Nakazawa, possui um visual estiloso e uma trama intrigante, mas se perde em sua própria tentativa de ser uma narrativa complexa, o que pode deixar o espectador um pouco dividido quanto à sua eficácia.
A história segue o detetive Keith Flick, que é chamado a investigar uma série de assassinatos em uma cidade futurística chamada Cremona. Ao mesmo tempo, somos apresentados a Koku, um jovem com um passado misterioso que, aparentemente, está relacionado a essas mortes. A série tenta mesclar vários gêneros, entre eles o policial, o thriller psicológico e a ficção científica, criando uma atmosfera densa e tensa. O grande atrativo de B: The Beginning está em sua abordagem visualmente impactante, com um uso ousado de cores e uma animação fluida que captura muito bem o tom sombrio e as atmosferas de mistério que a história propõe.
Visualmente, a série é um show à parte. Os designs de personagens e ambientes são detalhados e bem construídos, com uma paleta de cores que combina tons frios e escuros, adequados ao clima de thriller, mas sem perder a atenção para detalhes mais sutis e poéticos em alguns momentos. A animação das cenas de ação é de alta qualidade, com sequências rápidas e fluidas que trazem um certo vigor às cenas de combate, embora o excesso de estilização possa, em alguns casos, diminuir a tensão emocional de algumas cenas cruciais.
Entretanto, quando se trata de narrativa, B: The Beginning enfrenta alguns obstáculos. A série não economiza em complexidade, oferecendo uma trama cheia de reviravoltas e personagens com histórias profundas e entrelaçadas, mas acaba se tornando um tanto convoluta, o que pode frustrar o espectador. O mistério central, que deveria ser o principal motor da série, se perde em meio a subtramas que não conseguem se conectar de maneira fluida. A história de Koku, com sua origem misteriosa e as implicações filosóficas que ela carrega, também não é completamente explorada de forma satisfatória, e muitos dos pontos-chave da trama parecem mais confusos do que intrigantes.
A relação entre os dois protagonistas, Keith e Koku, é um dos poucos pontos que mantém a série interessante, mas o desenvolvimento de seus laços e da motivação de ambos parece, muitas vezes, apressado ou pouco desenvolvido. Keith, como o detetive com um passado trágico, se encaixa bem no arquétipo do personagem cínico, mas, ao mesmo tempo, vulnerável, embora ele não seja completamente explorado em termos emocionais. Koku, por outro lado, segue o caminho do personagem misterioso com uma história de origem envolta em segredos, mas seu crescimento ao longo da série é limitado, e sua conexão com o espectador não é tão forte quanto poderia ser.
Os vilões e antagonistas de B: The Beginning também são um tanto problemáticos. Embora tenham motivações interessantes e complexas, eles não se tornam totalmente ameaçadores ou ameaçam as estruturas emocionais da trama como poderiam. Isso pode ser atribuído à forma como os conflitos e as ameaças são apresentados, muitas vezes de maneira excessivamente frenética ou sem uma construção emocional adequada. O que falta é um equilíbrio entre a ação e o desenvolvimento dos personagens, o que faria as motivações de ambos os lados da disputa mais cativantes.
Outro ponto que pode ser uma pedra no sapato para alguns espectadores é o ritmo da série. Com seus 12 episódios, B: The Beginning se esforça para estabelecer um mistério profundo e uma série de revelações, mas falha em criar uma progressão natural que envolva o público de forma crescente. Os episódios iniciais são promissores, com uma tensão crescente e um senso de mistério que chama atenção, mas à medida que a série avança, as revelações parecem cair em um ritmo irregular, com o mistério sendo resolvido de maneira um tanto apressada e sem o impacto emocional esperado.
No entanto, B: The Beginning não deixa de ser uma série que exibe grande potencial. O conceito central é sólido e oferece uma base interessante para uma narrativa mais profunda. A crítica social sobre o uso de poder e os dilemas morais em torno de manipulação genética, bem como as questões sobre identidade e destino, são temas fortes e pertinentes. Mas a forma como esses conceitos são tratados acaba sendo superficial, pois a série se perde em sua busca por complexidade e acaba não entregando respostas satisfatórias para muitas das questões que levanta.
Em suma, B: The Beginning é uma série que visualmente se destaca e oferece uma premissa intrigante, mas que, em termos de narrativa e desenvolvimento de personagens, peca por sua falta de clareza e profundidade. É uma obra que talvez cative pela sua estética e pelas cenas de ação, mas que falha em estabelecer um vínculo emocional mais forte com o espectador. Se você busca uma série que desafie intelectualmente, mas não tenha problemas em lidar com uma trama confusa e personagens pouco desenvolvidos, B: The Beginning pode ser uma opção válida, mas para os que esperam algo mais coeso e satisfatório, a série pode deixar a desejar.